quinta-feira, 14 de maio de 2009

O vendaval fustiga as árvores que batem nas vidraças do jardim de inverno do senhor Caligari. Ele fuma erva, sorve líqüido. Uma deusa aquática, que ali está junto ao abajur, dirige-lhe a voz, de modo familiar, para lhe perguntar alguma coisa, algo banal que seja, mas, em verdade, para retê-lo consigo, e sentir a língua escamosa dele na sua pele branca.Com os dedos hábeis e chuvosos o senhor Caligari ergue a saia da deusa e a violenta ali mesmo entre as plantas do jardim de inverno. Que amor mais escuro, choram árvores da noite – galhos contra muros – árvores que batem cada vez mais fortes na ampla janela envidraçada.Antes de dobrar a esquina, ela voltou a cabeça, e, na forma do costume, disseram adeus com a mão.

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