sábado, 11 de abril de 2009

O sol, na manhã lavada, é a sombra do Deus. Ficamos ali vendo as mulheres mergulharem no oceano para esquecer, enquanto nos teus olhos li que a morte é a única sombra: manhã com céu a incendeia. Há no céu imensas curvas de cristal, e na cama os esqualos, faltasse água, morreriam à luz seca do meio-dia. Por isto fomos ao oceano com baldes de alumínio
caçar águas

Eva Norberg

As duas jovens tatianas com flores de manga em torno do fino pescoço, as duas nadando em volta da barca abandonada à orla. O casco lateral furado, quilhas enferrujadas, mastros decaídos.

Há algo de sinistro na antiga barca que balouça junto ao capinzal à beira-mar.

Uma das jovens tatianas nada mais rápido que a outra, e traz dentro da tanga conchas azuis, mostra ao vento e ao céu, dentro da água, o feitiço de sua nudez queimada de sol. O que ela pronuncia poderiam ser palavras que indicam algo para a outra ver.

As palavras da outra jovem tatiana seriam as mesmas do idílio; a alma é que é outra, a alma e os longos cabelos negros. A que nada mais rápida em volta da barca abandonada é a própria cabeça da chuva, confunde-se nas águas do mar grosso; esta não é deusa nem santa, mas gente humana e confidencia segredos em prosa de sala.

Kasimir Malevich (1878-1935)

AQUI (OPUS 1)

Aqui a língua do salmão
aqui as cinzas do Espírito
aqui a nuvem equilibra o líquen
aqui a enciclopédia do cíclope
aqui o caqui ao lado do cabúqui
aqui a linha do trem é invisível
aqui o mar é de lençóis
aqui o açúcar não se molha no chuveiro
aqui a sombra de Johann Sebastian Bach
aqui o adágio atravessa o muro

Remédio de antigamente



Entre 1890 a 1910 a heroína era divulgada como um substituto não viciante da morfina e remédio contra tosse para crianças.
Ver 12 artistas plásticos
da Galeria Saatchi

Elsebeth Malmsten

Zurab Getsadze

Paul Horton

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Hestin Lostwood

Jennie Philpott

Sean Sarafin

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Matheo Spinola

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Gretchen Kelly

Ver performance
de Yves Klein



http://www.youtube.com/watch?v=FDyWqXo806w

Yves Klein nasceu na França, em 1928, tendo falecido em 1962. Pintor, escultor e escritor francês, Yves Klein foi, desde cedo, influenciado pela arte abstrata de sua mãe Marie Raymond. Não teve educação artística formal, mas começou a fazer as suas primeiras tentativas na pintura em 1946, ano em que conheceu Arman, a quem se associou mais tarde no movimento Nouveau Réalisme. Entre 1949 e 1950, trabalhou na loja de molduras de Robert Savage, onde aprendeu as técnicas da pintura e da aplicação de folha de ouro. Em 1950 expôs em Londres os seus primeiros trabalhos e, no ano de 1953, exibiu uma série de pinturas monocromáticas em Tóquio/Japão. Em 1956, Klein alcançou grande notoriedade junto do público e da crítica, sobretudo através da exposição Yves: Propositions monochromes, na Galeria Colette Allendy, na Paris incandescente. Em 1958, executa os primeiros Anthropométries: impressões de corpos femininos cobertos em Azul, e apresenta os primeiros quadros vazios. Em 1960 foi membro co-fundador dos Nouveaux Réalistes e cria Cosmogonies, imagens criadas pela força dos elementos naturais (chuva, vento, folhas). No ano de 1961 realiza o primeiro relevo planetário e as primeiras imagens de fogo. Em 1983 tem uma retrospectiva importante no Centro George Pompidou (Paris, França) e, onze anos depois, em 1994, no Museu Ludwig (Colônia/Alemanha).

Max Thorek, 1930

O venerável superior Hans Daff, da abadia de Wassal, no balneário de Ó, põe os óculos redondos e, fingindo que folheia com unção o vago registro no caderno católico, não deixa de observar que, ali na sacristia, a nuca da menina é perfumada.

O venerável convida a menina para que sente em seu colo.

Quinze anos tem Laurinha; o venerável espera que saiam todos e a mão com o grosso anel de ouro enfia-se no musgo entre as coxas da menina que ainda não sabe, que ainda não pode saber.

Os lábios molhados da menina, a nuca perfumada, o repique dos sinos. Alguns padres desfiam o rosário no átrio.

Aqui é o balneário de Ó envolto em neblina, onde atracam as barcas que descem o rio. Folhas do tamarindo caem, num abandono previsível, e, se erguermos um pouco os olhos, deparamos também com aquele céo antiqüíssimo e monótono. Contudo, o que se percebe mesmo é que o vento e os homens, as pedras e as mulheres só cuidam de si, nunca desconfiam que, nesse minuto, na abadia de Wassal, o venerável Hans força a menina a ficar de quatro e a beijar o crucifixo.

Clare Strand, sem data

HOSOMI

Piscar do espírito:

o paraíso

no sonho


te esquece entre águas e conchas


e, súdito,


ao acordar


te respira

Sem palavras

Em busca do tempo perdido: Carleton Watkins, 1863.


A Coast View - Rocks, Mendocino County/EUA, 1863.


Barnaby Richard

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