quinta-feira, 23 de abril de 2009

Johann Thunell


Daniel Henrich


Dzaet Pamelahill


Janine Magelseen


Piotr Lemke


Henk Pasman


Danial Mcclinton


Jiang Fei Zhang


Dominique Lallemand


Slobodan Loncarevic


Camy L.


Kathrin Günter

Lászlo Moholy-Nagy, 1943


Obra intitulada "Deus".


Ninguém acredita na pedra,
porque ela é.

Acreditam em Deus, anjos, demônios,
porque eles não são.

Erwin Olaf, sem data

Agim Sulaj

Radik Azizov

Ver flagrante
da aparição
de um disco voador

http://www.youtube.com/watch?v=MVqAGOh_nPs&feature=related

Miró (1893-1983)

A BANHISTA

A pálpebra da banhista
encostou na pele do jarro,
porque fazia 40 graus à sombra do cipreste.

O real, o um do jarro,
é antecedido pela palavra jarro,
pelo que em Deus já é jarro,
mesmo sem jarro ser ainda.

Enquanto jarro-coisa, o jarro é irreal,
e a pálpebra da banhista
continua encostada na pele do jarro.

Agora, para que respire,
o inexistente jarro-coisa
converte-se no uso do jarro-palavra,
onde a banhista encosta a pálpebra.

Pequeno

Festival

de Cinema

do blog Nautikkon

Os Irmãos Lumière

Os franceses Auguste (1862 -1954) e Louis (1864- 1948) são responsáveis pela primeira exibição pública de uma imagem em movimento (em 1895) e, por isso, são considerados, muitas vezes, como sendo os fundadores da Sétima Arte. Suas fitas mostravam acontecimentos comuns: operários saindo da fábrica em Lyon/França; ondas agitando-se no mar etc. Em 1896 inauguraram a primeira sala de projeções cinematográficas na Rússia.

Dezesseis dos mais importantes cineastas do mundo reverenciam os Irmãos Lumière com filmes de aproximadamente 55 segundos.

Ver Merzak Allouache.

http://www.youtube.com/watch?v=BlTHzXywvDA

Ver David Lynch.

http://www.youtube.com/watch?v=2zZ7X-MoeCM&feature=related

Ver Abbas Kiarostami.

http://www.youtube.com/watch?v=on7LRM6ehPc&feature=related

Ver Cédric Klapisch.

http://www.youtube.com/watch?v=-4U2P9c4TLc&feature=related

Ver Youssef Chahine.

http://www.youtube.com/watch?v=kX_gqLB6dME&feature=related

Ver Gaston Kaboré.

http://br.youtube.com/watch?v=K-VU5Fb6TOM&feature=related

Ver Claude Lelouch.

http://br.youtube.com/watch?v=iQZGtWPWb4U&feature=related

Ver Peter Greenaway.

http://br.youtube.com/watch?v=VJipYEaTiAU&feature=related

Ver Nadine Trintignant.

http://br.youtube.com/watch?v=wdM00OAfbLE&feature=related

Ver Jaco von Dormael.

http://br.youtube.com/watch?v=QZzO4fcn3cw&feature=related

Ver Andrei Konchalovsky.

http://br.youtube.com/watch?v=y-yiUT-UGxI&feature=related

Ver Alain Corneau.

http://br.youtube.com/watch?v=8MOJMviIIgs&feature=related

Ver Jacques Rivetti.

http://br.youtube.com/watch?v=n1eEMkjuAh4&feature=related

Ver Claude Miller.

http://br.youtube.com/watch?v=lt54rMCFg40&feature=related

Ver Raymon Depardon.

http://br.youtube.com/watch?v=GjOzuTix3Fo&feature=related

Ver Wim Wenders.

http://br.youtube.com/watch?v=VsL7lXTvEWw&feature=related

Schopenhauer (1788-1860)

Há um pensamento do filósofo alemão Schopenhauer, que li em "O Mundo como Vontade e Representação", que reza assim:

O ponto em que a Coisa-em-si entra mais imediatamente no fenômeno é aquele em que a consciência ilumina a Vontade.

A Vontade é, para Schopenhaeur, irracional. A Vontade, no fundo, não sabe o que quer. E, para educá-la, só há uma saída: focarmos as coisas que nos cercam (ou as coisas que imaginamos) com o Vazio da contemplação tranqüila, sem intenção, desapegada.

Segundo Kenzo Awa, mestre do Kyudô (Caminho do Arco), se quisermos acertar o alvo, devemos proceder assim: “Na máxima tensão, sem intenção”.

Algo dispara a flecha, Algo acerta o alvo.

Algo: outro nome para o Deus, para a quintessência.

Mas também Algo

diz pára de ressentimento

diz pára de medo

diz pára de mentir

diz pára de sofrer

diz pára de desamor

diz pára de pobreza

O Eu, que só será Eu se for um Vazio reverente, se torna o claro espelho do objeto. Wu wei: ação na não ação. Noutras palavras, o Eu deixa fluir, reverente, o Algo que o rege no íntimo; o Eu não se intromete, deixa a onda jorrar, a música ser música.

Vazio (Capítulo 1 do Tao): “Não sendo, podemos contemplar sua essência”.

Objeto (Capítulo 1 do Tao): Sendo, apenas vemos sua aparência”.

O Deus, segundo o Evangelho são João, “é Espírito”. E, sabemos, o Espírito sopra onde quer.

Se me permitem um exemplo: Na máxima tensão, o Eu profundo de cada um de nós contempla, sem intenção, a seguinte cena prosaica: um bule que verte chá fervente na toalha de linho. A Coisa-em-si (que é libérrima e irracional por natureza) é que retém a potência profunda do que está acontecendo com este bule que verte chá fervente na toalha de linho. Se o Eu se intrometer nesta imagem do bule que verte chá fervente na toalha de linho, o Eu só terá a fantasia, a farsa, e se transformará num bicho peludo de longas patas, mais conhecido como ego. Por outro lado, se o Eu deixar fluir a Coisa-em-si deste bule que verte chá fervente na toalha de linho, aí o Eu terá a presença do Algo, do Deus que, respeitado em sua ancestralidade, virá à tona e revelará ao Eu todo o Seu Mysterium.

E sendo Mysterium, é improviso, é Vita Nova, é Algo, é o Deus, é paraíso, é jazz do coração.

Nunca é demais recordar a etimologia do vocábulo Deus: vem do sânscrito –, onde é grafado D'jeus e significa lua clara no céu: mente silenciosa, sem sonhar.

De onde se conclui que o Deus, tendo forma lunar, é o feminino.

O Deus, o Algo, é luz, é consciência.

A quem o Deus serve, a quem o Algo serve? A todo Eu que tiver consciência do Deus, do Algo.

Quando pronuncio a palavra feminino, não me refiro à mulher, mas ao Ser, que tanto pode ser macho ou fêmea.

Há homens que são mais femininos que as mulheres.

O cano do canhão é o pênis masculino; os edifícios pontiagudos são pênis masculinos; o punhal é o pênis masculino.

A árvore é feminina; a pérola é feminina; o vento é feminino.

A Coisa-em-si: aquilo que independe do espaço e do tempo.

A Coisa-em-si independe da causa e do efeito.

Segundo Platão, uma Idéia é aquilo que sempre é, mas nunca vem a ser, nem deixa de ser.

Idéia: objetividade imediata da Coisa-em-si.

Para Schopenhauer, a Coisa-em-si é pulsão vital (a Trieb freudiana: força vital). Pulsão como discernimento vital? Ainda mais: pulsão como discernimento vital do discernimento vital.

Pulsão (a partir de um aforismo de Lacan): objeto jamais fixável de uma vez por todas.

Fixar o que não pode ser fixado, isto é função da arte que cria a consciência que ilumina a Vontade.

Para Schopenhauer a maior das artes é a música. Ele a menciona em "O Mundo como Vontade e Representação": se tudo findasse, ainda não findaria a música.


O texto acima, inédito, é um fragmento do livro O cacto e o angorá (o aqui e o agora) – A arte vazia do arqueiro de palavras, de Fernando José Karl.