sábado, 30 de maio de 2009

A MORTE DA IMPERATRIZ VIÚVA BIWA

Vida e morte é uma ida-e-volta.
Quem pode saber se morrer aqui
não é nascer em outro lugar?

Lie Tse



A imperatriz viúva Biwa morreu: logo ela que se lavava com leite de peixe: penteava os cabelos no vento: logo ela morreu: medo tinha a viúva Biwa de barata molhada: medo dos vermes que a corroessem: medo da laje tumular que fizesse sombra à sua pele branca.

David Francis, 1935

CRÓTALO

Ouro nos cactos que circundam a Casa de Água:
crótalo, crótalo, crótalo.
Folha de hortelã imersa no chá frio.
Georgia O’Keeffe morde conchas finas.

No domingo recalcitrante o fresco de águas
indo entre galhadas e pedras.
Folha de hortelã, oásis, xícara de chá.
Georgia O’Keeffe sorve,

para assombrar o assombro:
ouro-crótalo, fina água de goivo,
um risco de lágrima na concha.

Escolhe a carnação do cristal,
adoça a espinha do peixe
na música que se derrama nos ouvidos.



Fotógrafo anônimo.

No mais mineral das profundas prosas altas,
onde a viola de chuva se esconde,
lá onde as piscinas ondulam tempestuosas,
quando o escarcéu das águas se avulta,
lá a voz selvagem e as iguanas sedentas,
lá, na voz, se aclara a palavra nunca vista
e a obsedante garoa rega a pedra da elegia.
No alto-mar de transparente massa cristalina,
quanto mais ao alto-mar de silêncio perto,
mais a voz vai aclarando,
se antiga é a alma que se vislumbra,
assim das profundas mostra claro e radiante
o mineral das prosas altas
que serena o que, nas sedentas, há de árido.

Dois Monet (1840-1926)

Carleton E. Watkins, 1865

Ver um dia na praia de Brighton

no ano de 1896.

http://www.youtube.com/watch?v=udoI_VDsNHM&feature=related


Charles-Émile Reynaud (1844-1918)


O primeiro desenho.
Charles-Émile Reynaud (1844-1918), francês, foi o pioneiro dos filmes animados.