sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cartier-Bresson (1908-2004)

Minha amiga querida,
o senhor Buddha não reverencia nenhum Deus,
nem crê na alma,
nem no paraíso.

O senhor Buddha tinha sempre a palavra "sunyata" ("vazio", em japonês) na ponta da língua.

"Sunyata", ao contrário do oco da morte, não dá medo, antes é uma estratégia oriental pra lá de magnífica: tornar-se "sunyata" ou "vazio", por exemplo, para não ser atingido pelo sabre da finitude, pela corrupta voz dos políticos, pela gripe suína etc.

O que há de oco numa xícara é "sunyata", e isto é belo como o Taj Mahal ao vento.

Prana: sopro vital, alento.

A palavra também é matéria fina de toda certeza e sua origem é a mesma que a do fogo. Só desprezamos a palavra porque ela tem pouca materialidade.

Shakespeare: "Se a palavra é sopro e sopro é vida".

Kant: "Devemos aprender a sermos invisíveis com mais humildade".

Um beijo

Fernando José Karl

Shânkara Lis: minha filha, meu amor

E o mais belo de tudo é que não nos tornaremos invisíveis: já somos invisíveis desde sempre, fingindo ter pele, pulmão, narina: já somos para sempre invisíveis como esta luz que só vemos quando despertamos para o fato de que eu e tu somos um.