sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Karl Blossfeldt, 1929

Sinto água na boca quando penso em você:
e aromas de árvores de laranjeiras crescem
por meus talos invisíveis:
hoje passei rente a um pomar de folhas verdes,
passei a língua em tua nuca:
em tua língua:
em tua alma:
no pomar de laranjeiras tudo vai findar,
menos o perfume que recende de teu nome:
no pomar de laranjeiras não há Bíblias nem profetas
nem palavras que soem profundas:
o que tem nesse pomar é um abismo verde
que só posso ver
de
perto
e
de perto
nada vejo
posto que as folhas verdes das laranjeiras
são deusas que me rendem
sob
um guarda-sol de perfume:
um perfume que não sei nunca onde guardar.

Quando a água ficar presa nos redemoinhos habituais, cave uma saída no fundo do oceano.

Rumi