segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Paul Megens

Ler a novela
Senhora do gelo,
de Fernando José Karl,
autor desse blog.


http://www.germinaliteratura.com.br/booksonline_karl1.htm

Oguz Gurel

Ver 9 fotografias
de Robert Doisneau

Basquiat (1960-1988)

sábado, 23 de janeiro de 2010

Ana nos dias lindos, muito mais que findos


Fotografia de Wilhelm Josef Beeck, meu avô

Duas Anas




Fotografias de Heloísa Espada

Um grafismo de Fernando José Karl



Embora eu saiba que os mortos não se levantam, essa pintura acima, a lápis de cera, é uma tentativa humana demasiada humana de ressuscitar minha vó Ana Castro de Jesus Leão Beeck (1911-2009).

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010


Pedra persa
NOÇÕES DE GRAMÁTICA
(Origo et fons)

Essa frase tem contém dois verbos.
Essa frase tem repolho seis palavras.
Essa não é uma completa.
Essa também.

Jamaica



mitologia do Ocidente: mitologia da paixão / um homem
clama a Deus por sua alma que arde: Santo Agostinho e as
trapaças da dúvida / Nosferatu senta-se com sua futura
vítima lamentando-se por séculos de solidão / mas estamos
salvos: Gauguin inventou para nós uma nova metafísica,
nos deu a nós mesmos — os modernos — se não uma nova religião ao menos uma nova religiosidade / uma arte sem deus: uma arte deificada / e a veneração foi geral / os homens
— inteligentes — do século XX temos a forma mais cívica
de religiosidade: a Arte! paixão furiosa por inventar:
Ocidente / paixão pelo impossível / e a fé necessária:
êxtase em Santa Teresa / a orelha amputada de Van Gogh /
a necessidade do ato: a fé — a busca — o impossível /
tentativas do impossível (Bataille) / tentativas de mais altas
realidades / além de tudo isto que nos comove:
makios / ilusões & desilusões / encantos & desencantos /
a ilusão dos homens “livres” / sempre tanta tolice,
tanta tolice! / inventamos para nós, também, o Oriente: os
crisântemos e até as barbas de Chuang Tzu / tudo para
recriarmos / é um recriar e um reacreditar: pensar outra
vez o mundo / poder comparar e - com um pouco de sorte -
poder compreender / mas não / optamos pelo voluptuoso
sofrimento / esse que só o Ocidente pode nos dar /
ah, o paternalismo de nossa querida civilização / - não
há nada como a nossa casa - / condenados a pensar e a ser
de acordo com leis naturais que nos são alheias: / a
História, nossa mãe onipresente / a que está a ponto
de romper a caneca / as alternativas são poucas:
enlouquecer / ou santificar-se / a virtude do autismo ou
a humildade eremítica / salvar-se, pela espada ou pelo
perdão / mas salvar-se / isso clamamos isso reclamamos /
A. Artaud se dá por inteirado (não é recomendável negar
a ficção — esta — de forma extrema / amável, muito amável
a imaginação do homem puro carece de efeitos especiais /
o objeto da metáfora é a metáfora / não há intermediários entre a realidade e quem a pensa / “somos mortos com permissão” Lênin / somos o peito e somos a espada / Kandinsky descobre a pintura abstrata vendo um quadro seu ao revés /outros descobrem o mesmo — em essência — sem necessidade de ver ao contrário: se foram deste mundo / perderam a fala / voluntariamente perderam a cabeça / eis aqui uma cabeça / povoada de ideologia / de moral / os bons políticos / as boas
donas de casa / também os bons artistas necessitam de uma /
certamente, outros esperaram a Graça / uns poucos não
esperaram nada / São Francisco ensinava a pobreza
para nada / sem graça sem céu sem bem-aventurança
um cristão taoísta? /todos os misticismos se tocam /
todo místico descobre verdades que o fazem transcender
sua própria doutrina / “se encontrar o Buddha, mate-o” /
ah, as pás dos moinhos, Sancho! As glórias
de Alexandre da Macedônia não desapareceram no pó /
se resolveram no pó / esse transmissor, gerador
de história / Gandhi / a música de Portugal / o touro / o
de Picasso e os outros / as cinzas de Gramsci — o poema
de Pasolini e as cinzas de Gramsci — as folhas de uma
árvore que neste momento caem e que não vejo / o pulso;
o impulso / o beijo / a fé: invento do coração / e a
palavra que é fé / o último fogo que também será
o primeiro fogo / Alícia, ah, Alícia / a lua sempre
alheia / o peyote / os vulcões do México / os vulcões
da Costa Rica / a água a cascata o estrondo / o
estrondo fenomenal das coisas / a fricção das
coisas com o ar / a fricção das coisas com as
coisas / (um corpo sobre outro) fricção & energia /
produção ininterrupta / sem amor sem horror / o tempo
não existe / a vida sim.



Víctor Sosa, do livro Sunyata & Outros Poemas.
Tradução: Claudio Daniel.

Andrej Glusgold, sem data

Vim a este Hotel Sunset Boulevard, rente ao mar grosso de sal e azul, porque me contaram que aqui estavam me esperando Schopenhauer e Francisca B. Não os encontrei. Não faz mal. Ficarei espiando o mar tranqüilo assim e o visível corpo n’água.

Mar em que nos abandonamos e que cresce em nós com as tormentas, continuará a ser água salgada em desalinho constante e os limites deste mar, fixados em alguma idéia, se confundem com a altura do céu que é claro sem nunca ter pensado: este céu é suficientemente despovoado de anjos e beatas virgens, de tal modo que resta sempre novo céu que podemos exaurir e dele arrancarmos as finas cordas da chuva, as chuvas de que é capaz o espírito.

E acontece que, para o espírito, as nossas presentes chuvas, sem consideração moral, são mais molhadas. Aquele que construiu em si a obrigação de molhar os dedos na pia de água benta, sabe que nunca deixará de faltar matéria e realidade à água benta e só terá necessidade de recorrer a ela se, vazio, e para iludir o escuro em si mesmo, tocar a suposta santidade da água que, ali na pia, é água apenas, e isso é tudo para essa água que, sem pia nem beatitude, continua ali e logo evapora. Mas chega de filosofia.

Não vou esperar mais. Daqui posso ver a Tabacaria. Talvez o Esteves saiba onde Schopenhauer — o peixe espinho — e Francisca B. estejam.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Em busca do tempo perdido



Carleton E. Watkins, 1863

A Coast View: Rocks, Mendocino County

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

David Moore, 1957

Esfinge ao sol, enquanto durmo.

Se eu acordasse agora, então o quê?

Um olho aberto, outro fechado,

a esfinge sonha com meus olhos.

Meus olhos nessa luminância

dos olhos da esfinge de cal.

Meus olhos são alísios, alívios

nos olhos da esfinge no pátio.

Esfinge apagando altas estrelas,

que depois meus olhos reacendem.

E por que esfinge, por que olhos?

Seria mais simples não haver vida

– nenhuma palavra –

seria mais simples não morrer.