terça-feira, 19 de outubro de 2010

Barbara Houghton, 1975




Eu, Clitemnestra, afogo Agamênom na banheira e reafirmo o preceito cáustico:

“Não chame Agamênom de feliz, até que ele esteja morto. E agora – morto –, Agamênom está feliz?”

Claro que, morto, ele não sabe mais da sombra da oliveira ao meio-dia, e nunca mais fala quando quer falar, nem quando querem que fale.

Agamênom discursa às paredes de seu túmulo, coça da perna um verme, pensa, se é que um morto pode pensar, que lá fora ninguém é feliz, mesmo vivo.