quinta-feira, 11 de julho de 2013

George Krause, 1980




A IGUANA DE CABEÇA RASPADA

Eu e a iguana de cabeça raspada
entramos no Paraíso com os olhos apodrecidos,
sorvemos água fresca da talha.
Os meus olhos, quando eu era vivo,

eram duas bagas de chuva,
e a brisa, que ladrilhava o meu pulmão,
era a mesma que estufava o velame da barca.
A iguana, quando era viva,

devorava os que esqueciam de sonhar.
É cômico levar tudo a sério:
já fiz o percurso de verme a homem,

e muitas coisas em minhas fibras nervosas
ainda são da mesma casta do verme:
muitas coisas, menos a voz e o luar.

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