sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Anônimo, 1961


A LÍNGUA DA ALMA

Se a língua da alma é a pluma,
logo se conclui que a língua do carrasco,
sendo o contrário da pluma,
é um quarto escuro onde o morto
deixa cair larvas das narinas.
Se a língua da alma, na raiz, é lava vulcânica,
lava catequiza larvas.
A língua da alma,
para não acordar o sono do vento,
procura consolos de acalanto para abandonar,
na pedra fria, a elegia de uma queda d'água
que não pára! que não pára!
O que na língua do acaso é exposto
é o que em mim eu escondo:
não há nada mais fecundo que o acaso.

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