PALÁCIO DE ÁGUA
À noite estive no palácio de água
lendo papiros a uma sombra na
parede branca.
Quando chove nas telhas do
palácio de água,
aproveito para afiar os
harmônicos da fala,
desenterro um cisne de Caruso
das camadas mais abissais da
música.
No palácio de água
o vento costuma orar em aramaico
esparso:
não me movo, deixo falar o vento,
porque só há paraíso quando o
vento ora.
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